O resultado da Seleção Brasileira na Copa do Mundo 2014 foi uma grande decepção não apenas para nós Brasileiros, mas para o futebol mundial como um todo, especialmente em função de dois fatos em particular: o choro de alguns jogadores na partida pelas oitavas de final contra o Chile e a goleada de 7×1 da Alemanha, que levantou dúvidas sobre a preparação emocional do time.

Fazendo uma breve avaliação, é possível identificar diferentes significados para o choro de nossa seleção.

O capitão Thiago Silva, por exemplo, admitiu que a tensão “minou a confiança” dele antes da disputa dos pênaltis: “Bater pênalti em casa é uma grande responsabilidade e pedi a Deus para não chegar a minha cobrança. Errei dois dos três últimos e… quando o Felipão me perguntou: Você pode ser o sexto?, Eu disse que não. Pedi para ficar como último da lista atrás até do Júlio Cesar. Não estava confiante“, disse o zagueiro.

A autoconfiança é um sentimento que nasce da soma de conquistas e realizações passadas. Michael Jordan costumava dizer: “à medida que alcançava minhas metas, os resultados iam se somando e eu ganhava confiança a cada conquista. Para mim era um trabalho puramente mental”. Portanto, ao focar sua atenção em pensamentos que lembram os erros passados, Thiago Silva produziu um estado mental de “medo de errar novamente” que o tirou da psicologicamente da competição.

O medo é uma emoção familiar a todos. O problema é que ele nos coloca em estado de alerta, através do alarme interno gerado por reações químicas ou descargas de hormônios do estresse (adrenalina e cortisol) capazes de causar sensações físicas como aceleração cardíaca, alteração respiratória, tremor e, nos prepara para “lutar ou fugir”. Portanto, sentir medo é humano, mas é preciso aprender como enfrenta-lo e isso é relativamente simples, também indispensável aos atletas de alto rendimento, especialmente nos momentos de extrema tensão onde a importância da partida encontra a incerteza dos resultados.

Outro aspecto do medo a ser considerado, vem das pesquisas de Brené Brawn, Universidade de Houston, sobre conexões humanas – habilidade de sentir-se conectado: “aprendi que a vulnerabilidade está no cerne do medo e de nossa luta por merecimento, criatividade, pertencimento e amor. É importante coragem, do latim coração – fazer de todo o coração o que tem que ser feito, mesmo sem garantias. Sentir-se vulnerável significa que estamos vivos”. Em resumo, é preciso ter coragem para arriscar mesmo que as chances parecerem mínimas.

A Seleção estava emocionalmente preparada para esse mundial?

Em qualquer esporte, o êxito ou fracasso refere-se ao complexo conjunto de variáveis que interagem no momento da competição. Então, além da qualidade técnica, condicionamento físico e disciplina tática, a competência psicológica também participa como uma das variáveis que devem ser levadas a serio porque, como vimos, pode ser o diferencial competitivo especialmente nos momentos decisivos da competição. É por isso que apresentamos a Psicologia do Esporte como um aliado ao desenvolvimento de atletas e equipes esportivas.

Autora: Suzy Fleury