O primeiro paradoxo, talvez o mais importante, é levar alguém até onde nunca foi, porém, não entendo isso como um impeditivo absoluto. Um coach pode ter um repertório de conhecimentos, experiência e aprendizados que podem ser transferidos para o cenário trazido pelo coachee. Além de poder possuir uma clareza de pensamento para entender onde o coachee está e para onde ele pretende, ou precisa ir, identificando com facilidade os recursos necessários, etapas e a consequente viabilidade e o custo (em vários sentidos) da viagem. Outras dimensões, essenciais para que o coach se sobressaia, são as da inteligência emocional e da ética (se comprometer com o que pode fazer, por exemplo).
Outro paradoxo pode surgir no caminho de um coach, como possuir uma grande quantidade de treinamentos e formações na área, o que pode representar um alto nível de conhecimento na prática do coaching, mas que não necessariamente pode ser visto como aprendizado. Para haver o aprendizado, é necessária a aplicação prática do conhecimento, com evidências tangíveis de sucesso. A experiência é fundamental, para checar, na prática, se houve aprendizado, após a aquisição de conhecimentos.
Um curioso paradoxo tem origem nos coaches altamente técnicos, os quais olham as pessoas apenas como desafios intelectuais, ou um meio de obter receita financeira, carecendo de empatia, tato e diplomacia ao lidar com os coachees.
Utilizar o coachee como um meio, para a intenção única de se projetar profissionalmente, também pode ser percebido como um paradoxo, quando o coach divulga aos quatro ventos que possui paixão por ajudar os outros, quando, na verdade, sua paixão é por status, prestígio, poder e reconhecimento profissional.
Um último paradoxo que irei comentar é quando um coach promete para o coachee um estado emocional que ele não consegue para si mesmo. Não raro, muitos destes coaches buscaram cursos de coaching não com o principal objetivo de construir uma carreira ou contribuir para uma outra pessoa, mas para resolver algo em si, preencher um vazio, como se o curso de coaching, na verdade, fosse um treinamento de autoajuda. Acredito que muitos cursos de coaching ajudam pessoas nessa situação, porém, nestes casos estes cursos poderiam ser chamados de cursos de “autoajuda”, ou algo similar, não necessariamente cursos de formação de coaches.
Algumas considerações finais, muito importantes: os paradoxos citados representam apenas uma lista parcial dos que podem ser encontrados em um coach, assim como há muitos coaches que não apresentam estes paradoxos, com certeza. A importante reflexão que gostaria de trazer é que haja um alto nível de consciência, por parte do coach, a respeito da sua responsabilidade, quando convence ou vende um projeto de coaching, para um coachee. Esta é uma atividade profissional muito séria e nobre, envolve pessoas, com seus medos, fraquezas, forças e sonhos. Em curto prazo, o “parecer” pode ser o suficiente, mas satisfação e sucesso em longo prazo exigem o “ser”!
Autor: Alexandre Ribas