Jesus. Você já ouviu sobre Ele antes, leu sobre Ele, cantou sobre Ele. Você já refletiu sobre as contradições de Sua vida – como Ele é ao mesmo tempo Cordeiro de Deus e o Leão da tribo de Judá. Tanto Advogado quanto Juiz. Tanto Homem como Deus. Seus ensinos somente são simples e ainda assim os mais profundos de todos os tempos, porque, de uma forma simples e profunda Jesus se relacionava com as pessoas.

Segundo Paulo Brabo, em seu livro “Em 6 passos o que Jesus faria”, o autor faz uma citação que parece escandalizadora, mas que revela a maneira que Jesus se relacionava, segue:

“ (…) Jesus, que comia com estelionatários, bebia com agiotas e era amigão de
prostitutas, tolerava aparentemente tudo em todos. “Eu não condeno você”, ele ousou
blasfemar aos ouvidos da mulher adúltera. O rabi puxava
conversa com divorciadas promíscuas, pousava sua mão sobre leprosos de que todos
desviavam o olhar e dormia nas camas rendadas de inimigos do povo. O sujeito conseguiu
o feito inédito de sustentar a fama de homem de Deus ao mesmo tempo que abraçava os
puxadores de fumo, traficantes, travestis e aidéticos do seu tempo (…)”

O que falar sobre relacionamento interpessoal sem ser demasiadamente repetitivo e proselitista? É importante ressaltar que um relacionamento interpessoal eficaz envolve aspectos como conhecer-se a si próprio, e dialogar com o outro indivíduo. É ser capaz de apreender o outro na plenitude da sua dignidade, dos seus direitos e, sobretudo, das suas diferenças. Eis aí uma questão central no relacionamento interpessoal: o outro indivíduo.

Relacionar-se com outro ser humano igual a nós é, de certa forma, um caminho fácil, agradável, que nos conduz a uma zona de conforto. Mas por quê? É muito bom falar a mesma língua, ouvir a mesma música, vestir as mesmas roupas, frequentar os mesmos lugares, desfrutar dos mesmos gostos, sorrir das mesmas coisas, chorar pelos mesmos motivos. Porém, esses comportamentos não requerem de nós nenhum tipo de transformação com relação ao outro, pois não geram conflitos, não nos causam incômodo.

Mas o que diríamos sobre nos relacionarmos com outro ser humano diferente de nós? De diferentes culturas, diferentes crenças, ideais, habilidades, ou ainda com alguma deficiência, seja ela física, sensorial ou intelectual.

Certa vez Jesus estava passeando por Samaria e encontrou-se com uma mulher samaritana tirando água do poço. Jesus sabia das necessidades daquela mulher, e procurou relacionar-se com ela deixando de lado a religiosidade, os preconceitos, as tradições e disse-lhe: “dá-me de beber”. Essa mulher havia passados por vários relacionamentos. O povo a considerava uma meretriz. Havia ido ao poço sozinha por conta da rejeição da população. Entretanto, não fora rejeitada por Jesus, pois ele incondicionalmente inclui qualquer pessoa na sociedade.

A inclusão social é uma proposta de mudança de lugar social. Essa mudança pode gerar conflitos, pois desestrutura tanto o lugar de onde se tira como o lugar onde se coloca. É um processo que envolve um rearranjo, em última instância, das relações entre as pessoas. E esse rearranjo requer de nós alteridade.

A alteridade é a concepção que parte do pressuposto básico de que todo o homem social interage e interdepende de outros indivíduos. Assim, a existência do “eu-individual” só é permitida mediante um contato com o outro. Relacionar-se com alteridade não é negar as diferenças, mas sim respeitá-las como constitutiva do humano. O valor positivo ou negativo atribuído à diferença é algo construído por cada um de nós em nossos relacionamentos e, Jesus sabe se relacionar com Alteridade.

Assim, o relacionamento interpessoal, portanto, deve ser pautado no princípio da alteridade. Precisamos estar dispostos a de fato incluir ao invés de excluir.

A inclusão social – bem como o relacionamento interpessoal – envolve além da interação entre sujeitos, a interação de intersubjetividades.

Viver no mundo fica mais difícil quando ele não é planejado para nós. Qual a sua atitude frente às diferenças?

Referência

BARTALOTTI, C. C. A inclusão social da pessoa com deficiência e o papel da Terapia Ocupacional. Cidadania e justiça, Brasília, v.7, n.13, p.165-174, 2004.

Autor: Paulo Teixeira